A chuva para e eu estou sozinha, o reflexo na janela não me
deixa esquecer.
Percorro os dedos sobre o vidro gélido, olhando a rua
deserta onde só há o silêncio e nada mais.
Entre um suspiro e um pensamento longo, pego o meu casaco e
saio pela porta. Não, eu não tenho um compromisso.
Apenas não consigo ficar parada, sabendo o que posso
encontrar na rua de trás, se tiver sorte.
Sigo um rumo programado, contando os passos, enquanto desvio
das poças; Porque você não está aqui agora?
Paro no meio da rua, olho para os dois lados, vazio. Tenho a
impressão de que tudo se alarga aos poucos e que lentamente vou sendo sugada, encurralada
em um beco sem fim. Meu coração aperta; Será que você pode me ver agora?
Continuo caminhando na esperança de te ver... Nem que seja
sua sombra ou um simples vislumbre, a cor da sua camiseta.. Qualquer coisa que
me de a certeza de que você está por perto. Eu sei que está.
Como naquelas frias madrugadas em que você tocava a campainha
e antes mesmo que eu pudesse atender, já tinha ido. Como nas vezes em que
passava devagar, olhando, sem saber que eu também te observava com um sorriso
nos lábios.
Em meio a delírios tolos, volto pra casa lentamente..
Lembrando que a vida não é um filme. Aquele filme que você me prometeu e eu recusei,
mas que agora eu quero mais do que tudo.
Eu sempre quis;
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