"Ele me seguiu até atrás das escadas, e sussurrou em meu ouvido: nós não pertencemos aqui.
Enquanto sua voz dançava em minha cabeça,como as notas de um baixo desafinado, eu já estava pronta pra beija-lo,meus lábios mudos roubavam seu ar,em um único suspiro;
Hoje o mundo poderia morrer,pensei,e seus olhos como duas balas de prata me esperavam,como se me perfurassem de um lado ao outro,suas mãos estavam duras...mas o seu pescoço não me faria desistir.
Esta noite todos morrerão;e o espaço que existe entre nós,rosas jogadas na calçada em cima de poças de chuva, a cidade em preto e branco, o retrato mais belo de nós dois,nada dura para sempre. E esse dia vai durar,porque precisamos de uma razão pra aguentar mais,só um dia. Ele se aproximou e me beijou nos lábios,como um condenado beija a sua rainha,o respeito em sua forma mais pura,contaminando com veneno os lábios de quem o poderia salvar.
Marcas de batom,discretas no canto de sua boca,roubando beijos no pescoço..não existe nada mais belo do que a beleza do errado. Os nossos cabelos desalinhados,nossas roupas tortas,sua face manchada pelo pecado do amor e da morte.
Não há nada que me excite mais; do que ter você desarrumado. Enquanto a chuva corre forte sobre suas veias. Vamos ser selvagens,se ainda há vida,como você toca a sua guitarra no solo mais difícil me toque. Me odeio tanto,que chegue a doer admitir que me quer.. eu não sou louca,apenas acho o ódio mais duradouro que a paixão,a paixão que começa em ódio,termina em amor fatal. Fatal o bastante pra me perturbar a noite,e me machucar ao vivo, machucar minha alma,que gosta do obscuro, mas que teme olhar em seus olhos. Somente uma única lágrima pra tudo acabar."
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